Máscaras de Gás da Politécnica na Revolução de 32

*Rodrigo Gutenberg

Em setembro de 1932, corria como certo que os ditatoriais iriam lançar gazes contra os soldados constitucionalistas. Entretanto, desde julho, já a FIESP – Federação das Indústrias de São Paulo – e a Escola Politécnica procediam estudos para a fabricação de máscaras de proteção. Isto demonstrava mais uma vez a largueza de vistas dos homens responsáveis pela produção bélica.


Tanto que na reunião do SCMI – Serviço de Cadastro e Mobilização Industrial -, de 22 de julho, o Dr. Cyro Berlinck, agente de ligação entre o Laboratório de Química e Física da Escola Politécnica e a FIESP, discorreu sobre diversos tipos de máscaras contra gazes e seus ingredientes. Na reunião de 27 daquele mês, do SCMI, o Dr Roberto Simonsen descreveu um novo tipo de máscara contra gazes asfixiantes, que além de práticas era de fabricação muito simples. E o Dr Cyro Berlinck descreveu detalhadamente a máscara estudada pela Politécnica e usada pelo exército alemão e, mesmo, pelos aliados, com ligeiras modificações.
A FIESP enviou também para a Politécnica, sua contribuição constituída de estudos e sugestões sobre esse importante elemento de defesa individual, inclusive esboço e croquis de um tipo de máscara contra gazes que lhe fora apresentado pelo Sr. Nicolau Sian. Segundo este, tratava-se de um tipo inglês que dera ótimos resultados na guerra de 14. Outro tipo foi sugerido, também, pelo Dr Adolpho de Laet.
Em vista da quase certeza da notícia, a direção da Escola Politécnica apressou-se em dirigir ao Dr Leão Renato Pinto Serva, Chefe do Departamento de Capacetes de Aço, da Associação Comercial, um ofício datado de 5 de agosto de 1932, pelo qual solicitava fosse custeado pelo referido Departamento, a fabricação de 10.000 máscaras.
Essa solicitação foi formulada por sugestão escrita do professor Francisco Salles Vicente de Azevedo, Chefe do Departamento de Defesa, da Escola Politécnica, e Presidente da Liga de Defesa Paulista. Em suas sugestões, o ilustre professor argumentou:
“… no momento há mais urgência de máscaras do que de capacetes, pois que estes muito embora representassem excelente proteção aos soldados, de nada valeriam em zona onde fossem atacados por gazes. Além disto, os donativos já angariados para os capacetes são de tal vulto que sobrepassam de muito as necessidades atuais para tal fim.” E concluía: “Uma solução favorável por parte de V. S. viria, também desafogar o Governo em suas despesas de guerra e acelerar a remessa para a frente de aparelhos tão úteis.”
Assim foi possível, logo de início o fabrico de 3.000 máscaras, pelo Departamento de Química da Escola Politécnica, as quais foram distribuídas pelos diversos setores de operações.
Porém, esse número era por demais reduzido para uma proteção eficiente contra os gazes que possivelmente seriam lançados.
A guerra terminou e não houve registro de uso de gazes asfixiantes.